A Doença de Alzheimer
A tristeza dos familiares com o diagnóstico da demência de Alzheimer é seguida por uma vontade imensa de poder segurar o freio do tempo. Sim, uma corrida inglória, desafiadora, por onde se passa ao lado daquele ente querido que está se desvanecendo diante de seus olhos. As mudanças de humor, a irritabilidade, que muito deixava sem saber o que fazer, vão diminuindo, junto com a fragilidade que vai aumentando. Os esquecimentos, a desorientação quando ainda caminham, deixam perplexos àqueles que vêem acontecer. Aquela pessoa poderosa, lutadora, muitas vezes vitoriosa em sua trajetória de vida, além de sobreviver a muitos desafios, agora está perdida dentro do próprio corpo. Cada vez mais alheia, energia diminuindo, olhar cada vez mais distante. Difícil para quem queria perguntar alguma coisa do passado, da qual somente ela poderia responder … um vazio presente. Tentar fazer estes momentos os mais leves é o objetivo, duramente alcançados por quem está permanentemente acompanhando. Os medicamentos, a alimentação, a higiene, as distrações, cada vez mais mecânicas, insípidas. Muitas vezes o choro escondido, as lembranças dos momentos gloriosos, dos risos, das brincadeiras jocosas que já não existem… “Por favor, volte um momento, queria perguntar uma coisa ...” A resposta no vazio continua …
A denominação de Alzheimer foi dada pelo médico psiquiatra e patologista alemão Alois Alzheimer, que a descreveu como um tipo diferente de demência, em 1906. Verificou que a sobrevida do paciente poderia ser entre oito a vinte anos, no máximo. Geralmente os sintomas incluem: “uma diminuição, lenta e progressiva da função mental, que afeta a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade para aprender” (https://www.doencadealzheimer.com.br). A estatística mostra que entre 60 a 80% dos idosos, a causa da demência é a doença de Alzheimer.
O que fazer para cuidar? Quais os melhores medicamentos? São perguntas iniciais que logo são respondidas pelo médico assistente. Os cuidados incluem o máximo possível de exercícios físicos e, depois, com a evolução da doença, a fisioterapia se faz necessária nos cuidados paliativos. A pessoa cada vez mais apática, sem energia para se movimentar, o amparo constante para que possa ter mais conforto físico. A perda muscular, a desidratação, que acompanha todo envelhecimento, se faz presente, com cuidados mais atentos à hidratação constante, cremes para a pele, água gelatinosa para evitar engasgos com líquidos, a dificuldades para deglutir os alimentos mais sólidos, perigo nos problemas pulmonares. O trabalho de quem cuida se intensifica, o conforto nas acomodações, a cama com colchão anti-escaras, as massagens suaves e mudanças de posição a cada 30 minutos. Quando há possibilidade, levar para tomar Sol, passear um pouco, receber visitas de familiares, pode diminuir a tensão presente no ambiente familiar. Muitos momentos é o de levar para a emergência, quando acontece algum problema respiratório, urinário ou do aparelho digestivo que se apresenta de súbito. O cuidador profissional passa por tudo isto de uma maneira diferente de quem é parente, sobrecarregado emocionalmente e financeiramente, dificultando para família que dispõe de poucos recursos. O desgaste se apresenta depois de algum tempo, trazendo mais dificuldade no tratamento, necessitando que o familiar busque ajuda para enfrentar a rotina e continuar saudável. O tempo mostrou que o cuidador precisa de ajuda, a sobrecarga de trabalho pode trazer prejuízos emocionais, físicos e diminuição dos sistema imunológico, acarretando em mais um problema para o grupo familiar. Hoje em dia já há literatura para esta situação, orientando quem está responsável pelos cuidados da pessoa portadora de Alzheimer. Grupos podem ser encontrados online para quem quer e precisa de amparo, neste momento difícil, como o Alzheimer Brasil https://www.facebook.com/AlzheimerBr/posts/458171694226465/ que tem sido bem proveitoso para quem busca ter apoio.
Muitas pesquisas tem sido feitas, a evolução da medicação começa a apresentar alguns resultados, a prevenção está evoluindo nos cuidados com a alimentação entre outras abordagens. Alguns pesquisadores acreditam que há ligação entre a insulina, açúcares, diabetes, querendo direcionar para um novo tipo de Diabetes, o Tipo III. Muitas pesquisas ainda sendo feitas, mas, cuidar da alimentação é algo que sempre acarreta em aumento da qualidade de vida. Dormir bem, evitar carboidratos refinados, álcool, alimentos industrializados, laticínios, glúten, entre outros causadores de vários transtornos bioquímicos, é a melhor opção, com muitos exercícios físicos, para evitar o adoecimento precoce. É um esforço bem recompensado!
Autora: Lydia Maria Mendes Gonzalez
Psicanalista e Psicóloga pela UFRJ
E-mail: lydiammgonzalez@hotmail.com